27 junho, 2006

FuteBOSTA

Aproveitando o clima de Copa do Mundo, esse evento que, como a Transamazônica, não leva a lugar algum, um texto meu para refletir.


Certa feita, confessei que não gostava de futebol a um ex-melhor amigo. Ao que ele me respondeu:

– Quem não gosta de futebol é viado!

Será mesmo? Será que o amor ao esporte bretão supracitado anteriormente referido é privilégio apenas de não-homossexuais? Não acredito nesse tipo de segregação desportiva. Portanto, creio que cabe aqui uma análise psicológica do aficcionado por futebol:

1) Torcedores de futebol freqüentam estádios, nos quais a presença feminina é virtualmente nula. Pela popularidade do esporte, esses estádios costumam lotar, ficando os espectadores muito próximos uns dos outros, às vezes em trajes menores, às vezes sem camisa, suando e se esfregando para melhor observar o desenlace da partida. Curioso.

2) É normal encontrarmos torcedores de futebol andando em grupos grandes, imensos, incontáveis... só de homens. Nunca acompanhados de mulheres. É, né?

3) Em recentes anos, em eventos de RPG e convenções de fãs de seriados só avistávamos rapazes e garotos. Hoje podemos observar também o comparecimento de moças de todas as idades. O tempo, no entretanto, não passou para os torcedores de futebol, que continuam a se fazer acompanhar por iguais de gênero. Hummm...

4) Torcedores de futebol, com freqüência, são notórios por dispensar namoradas aos sábados e/ou domingos, com a desculpa de "bater uma bolinha com a moçada". Ou seja, a companhia de uma mulher é preterida à companhia de vários seres de mesmo sexo. Sei...

5) Torcedores de futebol casados costumam passar os domingos de jogo à frente da TV, tomando cerveja, enquanto suas "patroas" dedicam-se a outros afazeres. Quer dizer, mesmo os casados preferem dispensar a companhia feminina. Ceeeeerto!

6) Torcedores de futebol, quando seu time ganha ou perde um jogo – o que pouca diferença faz – , são dados a ataques de histeria coletiva, nos quais, não raro, ocorre a prática da depredação de patrimônio, choro copioso e manifestações de intensa euforia, mais uma vez, entre homens semidespidos suando, pulando e se esfregando mutuamente. Bem macho, isso.

7) Nas partidas de futebol, é comum a prática de criar formas de comemorações ao marcar um gol, tais como danças de gosto duvidoso, intensa agitação de quadris masculinos, abraços vindos por trás, aglomeração de jogadores e outras demonstrações de carinho sincero. Tenho medo de imaginar o que acontece em um vestiário depois de uma vitória.

Assim, depois de apresentar os dados coletados com a mais pura isenção, devo deixar que meus leitores concluam se podemos rotular de homossexuais aos que não apreciam futebol, ou se seus aficcionados e praticantes são apenas meros chegados a um bater de bolas uns com os outros. Ih! Deu duplo sentido! Foi mal!